Ele foi o mais progressista dos prefeitos de Natal. Possuía um amor indescritível por essa cidade. O Grande Ponto (centro da cidade), era a sede do seu reino. Ali, ele brincava o carnaval, as festas juninas, dançava o bumba-meu-boi, pastoril e fandango. Nessa época, a periferia recebia orquestras e grupos folclóricos. A população revivia as lapinhas, cheganças, ararunas e serestas.
Esse gosto e apreço pelas coisas do povo, Djalma Maranhão adquiriu logo cedo. Seu batismo nas lutas sociais foi aos 15 anos de idade, quando participou da Revolução Liberal de 1930. Estava filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), do qual se desligou em 1946, após desentendimentos com dirigentes da sigla.
Sua rebeldia política estende-se ao ano de 1932, quando segue para São Paulo como voluntário para participar da Revolução Constitucionalista. Em 1935, ainda em São Paulo, envolveu-se com a Insurreição Comunista, quando é preso, juntamente com outros companheiros do partido. Em 1937 volta para Natal e trabalha no comércio (**) e ao mesmo tempo é nomeado redator do jornal A República, pelo senador Eloy de Souza. Em 1939 ajuda a fundar o Diário de Natal, jornal que defendia a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial para derrotar o nazi-fascismo.
Após dezesseis anos de militância política no PCB, Djalma Maranhão é convidado pelo então deputado federal Café Filho, considerado de centro-esquerda e nacionalista, para ingressar no Partido Social Progressista (PSP). Ao assumir a Presidência da República, Café Filho distancia-se de seu passado de lutas em favor do povo e alia-se à classe dominante da época. Rebelde, coerente, questionador e firme em suas decisões, Djalma Maranhão passa a lutar internamente dentro do PSP, para que este volte a ser um partido comprometido com as causas sociais.
Com o Partido Social Progressista dividido, Djalma Maranhão retomou e liderou o “cafeísmo dos pobres”. Nas eleições de outubro de 1954, aos 38 anos de idade, elegeu-se deputado estadual, na coligação Aliança Social Progressista, formada pelo PSP e o Partido Social Trabalhista (PST). Era o começo da brilhante e curta carreira política de um dos maiores e honrados homens públicos do Brasil. Em suas atividades parlamentares foi uma voz firme e um grande defensor do tungstênio, da pesca artesanal, da cultura do algodão e de idéias genuinamente nacionalistas, como a defesa do petróleo brasileiro e de outras riquezas espalhadas pelo nosso país.
Nas eleições para governador, em 1955, as esquerdas não se unificaram. Djalma Maranhão permaneceu em sua trincheira política em organizar e fortalecer o PSP. Ocorre então, a aliança partidária entre a União Democrática Nacional (UDN) de Dinarte Mariz com o PSP. Isso fez com que Djalma Maranhão fosse nomeado prefeito de Natal (1956-1959), deixando marcas significativas de sua administração: credibilidade, competência e reconhecimento da população.
Honrar e ser fiel aos compromissos políticos assumidos, jamais trair a confiança do povo que o elegeu foram características marcantes da vida de Djalma Maranhão. No episódio que ocorreu contra Juscelino Kubitschek, para este não assumir a presidência da República, quando fora eleito em outubro de 1955, Djalma Maranhão defendeu a legalidade, a posse do candidato eleito nas urnas, contrariando frontalmente a vontade de Café Filho, um dos mais fervorosos opositores de Juscelino. A amizade de Djalma Maranhão com Café Filho fragilizou-se completamente.
Concorreu às eleições de outubro de 1958, obtendo a primeira suplência de deputado federal, pelo Partido Trabalhista Nacional (PTN). Exerceu o mandato de 27 de maio de 1959 a novembro de 1960.
Mas a campanha política que o consagrou como verdadeiro líder político da esquerda nacionalista potiguar, foi a de outubro de 1960, quando se elegeu prefeito da cidade do Natal com 21.942 votos, contra 11.298 de Luiz de Barros (UDN). A inversão de prioridades começou a ser posta em prática, colocando em primeiro lugar o interesse social. O audacioso plano de obras implantado em Natal por Djalma Maranhão foi interrompido em 2 de abril de 1964, quando ele foi preso por tropas do Exército.
Em novembro do mesmo ano é libertado através de Habeas Corpus, conseguindo asilo político no Uruguai, onde veio a falecer na cidade de Montevidéu, em 30 de julho de 1971.
FONTE: ARTIGO DE ALEXANDRE DE ALBUQUERQUE NO BLOG NATAL DE ONTEM
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